Quando debrucei-me para escrever estas palavras, o começo me parecia um emaranhado de começos, desculpem-me desde já se eu for maçadora.
O ano de 2004 estava a ser muito difícil para mim em vários aspectos, a ponto de não querer ver ninguém, falar com ninguém; entrei na minha concha.
Em Setembro, uma pessoa amiga de passagem por S. Vicente, disse-me que meu comportamento me levaria para um caminho perigoso, e disse-me ainda:
“- Teja, tens aqui o Festival Internacional de Teatro – o Mindelact - vá ao Teatro. Eu tenho inveja da vida cultural que vocês têm em S. Vicente.”
E eu lhe respondi que não queria saber de Teatro... na verdade, não queria sair de mim.
Em Outubro, o Neu disse-me para inscrever no próximo Curso de Teatro pois seria uma terapia para mim. E eu que não queria “saber de teatro”, cada dia dava uma desculpa, até que um dia inscrevi-me só para que o Neu não chateasse mais.
Na verdade não ia muito ao Teatro e, nunca pensei em fazer teatro. Simplesmente não fazia parte dos meus objectivos.
Inscrevi-me, passei no teste e no primeiro dia de aulas tive uma sensação estranhamente agradável que nunca senti na vida e queria partilhá-la.
Depois das apresentações, tínhamos como iluminação apenas algumas velas acesas no centro do palco. O João pediu-nos que déssemos as mãos e fechássemos os olhos. O que eu senti quando o João começou a falar é inesquecível.
“Eu estava no cimo dum planeta qualquer e ouvia aquela voz se propagar, aquele palco se tinha tornado num universo. Mas não estava sozinha naquele universo imaginário, tinha uma pessoa de cada lado segurando minhas mãos. Foi maravilhoso aquele começo!”
Fui saboreando cada dia de aula, pois sabia que cada aula que passava seria um dia a menos que tinha para aprender. Devido a uma cirurgia a que fui submetida há pouco tempo, era frequente eu estar indisposta, mas vinha às aulas mesmo assim pois sabia que no palco a indisposição desaparecia como fumo levado ao vento. Era uma energia positiva que me envolvia. Os fins de semana se tornaram longos. Os dias de semana que me sentia plena eram às Terças e Quintas-feiras. Cada aula era uma massagem na minha alma.
De entre muitas coisas fantásticas com aplicação no dia-a-dia, neste curso perdi o medo de errar, aprendi a perdoar e aceitar as pessoas como elas são, e aprendi, sobretudo, que certos defeitos devem ser compreendidos e não corrigidos. Este curso de Teatro foi para mim - acima de tudo - um curso para a vida que a vida nunca me ensinaria. (...)
(...)Como eu disse no último dia do nosso espectáculo, “Se a maternidade me tornou mais mulher, este Curso de Iniciação Teatral me tornou mais pessoa” foi a coisa mais magnifica que me aconteceu depois do nascimento dos meus filhos a quem dedico esta vitória, bem como à minha mãe.
Hoje, graças a este Curso de Iniciação Teatral, tenho a certeza que saí da concha que me apertava. Sou bem maior que antes.
Um muito obrigado a todos!
Mindelo, 03 de Agosto de 2005
Maria Teresa Assunção
(Teja)
O ano de 2004 estava a ser muito difícil para mim em vários aspectos, a ponto de não querer ver ninguém, falar com ninguém; entrei na minha concha.
Em Setembro, uma pessoa amiga de passagem por S. Vicente, disse-me que meu comportamento me levaria para um caminho perigoso, e disse-me ainda:
“- Teja, tens aqui o Festival Internacional de Teatro – o Mindelact - vá ao Teatro. Eu tenho inveja da vida cultural que vocês têm em S. Vicente.”
E eu lhe respondi que não queria saber de Teatro... na verdade, não queria sair de mim.
Em Outubro, o Neu disse-me para inscrever no próximo Curso de Teatro pois seria uma terapia para mim. E eu que não queria “saber de teatro”, cada dia dava uma desculpa, até que um dia inscrevi-me só para que o Neu não chateasse mais.
Na verdade não ia muito ao Teatro e, nunca pensei em fazer teatro. Simplesmente não fazia parte dos meus objectivos.
Inscrevi-me, passei no teste e no primeiro dia de aulas tive uma sensação estranhamente agradável que nunca senti na vida e queria partilhá-la.
Depois das apresentações, tínhamos como iluminação apenas algumas velas acesas no centro do palco. O João pediu-nos que déssemos as mãos e fechássemos os olhos. O que eu senti quando o João começou a falar é inesquecível.
“Eu estava no cimo dum planeta qualquer e ouvia aquela voz se propagar, aquele palco se tinha tornado num universo. Mas não estava sozinha naquele universo imaginário, tinha uma pessoa de cada lado segurando minhas mãos. Foi maravilhoso aquele começo!”
Fui saboreando cada dia de aula, pois sabia que cada aula que passava seria um dia a menos que tinha para aprender. Devido a uma cirurgia a que fui submetida há pouco tempo, era frequente eu estar indisposta, mas vinha às aulas mesmo assim pois sabia que no palco a indisposição desaparecia como fumo levado ao vento. Era uma energia positiva que me envolvia. Os fins de semana se tornaram longos. Os dias de semana que me sentia plena eram às Terças e Quintas-feiras. Cada aula era uma massagem na minha alma.
De entre muitas coisas fantásticas com aplicação no dia-a-dia, neste curso perdi o medo de errar, aprendi a perdoar e aceitar as pessoas como elas são, e aprendi, sobretudo, que certos defeitos devem ser compreendidos e não corrigidos. Este curso de Teatro foi para mim - acima de tudo - um curso para a vida que a vida nunca me ensinaria. (...)
(...)Como eu disse no último dia do nosso espectáculo, “Se a maternidade me tornou mais mulher, este Curso de Iniciação Teatral me tornou mais pessoa” foi a coisa mais magnifica que me aconteceu depois do nascimento dos meus filhos a quem dedico esta vitória, bem como à minha mãe.
Hoje, graças a este Curso de Iniciação Teatral, tenho a certeza que saí da concha que me apertava. Sou bem maior que antes.
Um muito obrigado a todos!
Mindelo, 03 de Agosto de 2005
Maria Teresa Assunção
(Teja)
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